O corte da taxa básica de juros (Selic) sinalizado pelo Banco Central (BC) — que deve acontecer em janeiro ou março de 2026 — acende um alerta sobre a desaceleração da economia brasileira que ainda não aparece por completos nos indicadores.
No novo episódio do podcast Ligando os Pontos, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, explica como a redução da taxa Selic funciona como diagnóstico antecipado e o que esse movimento sinaliza para 2026 em atividade, preços, política fiscal e investimentos.
Confira a íntegra do vídeo:
Dados recentes mostram desemprego no menor nível da série histórica, aumento da renda e recuo de pobreza e desigualdade. O Produto Interno Bruto (PIB) — soma das riquezas produzidas no país — deve crescer 2,16% em 2025.
Apesar disso, o Banco Central avalia que a economia pode ter atingido um limite natural após o período de recuperação. O PIB do terceiro trimestre cresceu 0,1%, abaixo da expectativa de 0,2%, e concentrado em setores como agropecuária e petróleo, que dependem mais de fatores externos.
O principal fator de desaceleração da inflação em 2025 não foi doméstico, mas externo. A instabilidade da política tarifária dos Estados Unidos reduziu a força do dólar frente a moedas emergentes, incluindo o real.
Com o dólar mais baixo, produtos importados ficaram mais baratos, reduzindo custos industriais no Brasil. Esse movimento diminuiu a pressão sobre os preços internos, mas não alterou a estrutura produtiva do país.
A inflação de serviços — que reflete a economia local e é menos sensível ao câmbio — permanece elevada, reforçando a visão do BC de que a economia doméstica ainda não esfriou o suficiente.
O setor de serviços, que representa a maior parte da economia brasileira, praticamente parou de crescer. O consumo das famílias, responsável por sustentar a atividade desde 2023, também mostra desaceleração.
Já o crédito segue caro, o endividamento permanece elevado e a inadimplência não cai no ritmo necessário. Esses fatores limitam a capacidade de crescimento.
O ano de 2026, marcado por eleições, tende a elevar a pressão por estímulos fiscais e creditícios. Entretanto, economistas alertam que uma economia desacelerando não responde rapidamente a novos estímulos.
Medidas excessivas também podem reacender a inflação, dificultando futuras quedas da Selic.
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