Trabalhadores dos Correios do Rio rejeitam acordo salarial

A maioria dos trabalhadores dos Correios do Estado do Rio de Janeiro rejeitou na 2ª feira (22.dez.2025) o ACT (Acordo Coletivo de Trabalho). Votaram na proposta de acordo salarial construída em audiência de conciliação do TST (Tribunal Superior do Trabalho) 512 trabalhadores. Destes, 486 rejeitaram, 13 aceitaram e 13 se abstiveram.

Segundo comunicado do Sintect-RJ (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro), a proposta retira direitos dos trabalhadores, como o não pagamento do aumento salarial retroativo a agosto de 2025, a extensão desse reajuste aos benefícios, além da redução de 200% sobre o trabalho de domingos e feriados ou duas folgas, para 100% e uma folga por lei.

“Realizamos a Assembleia para responder ao TST, que intimou todos os sindicatos dos trabalhadores dos Correios do Brasil a apreciar a proposta apresentada no dia 17. Por não ter tempo hábil tivemos que fazer uma Assembleia virtual, que é legitimada pelo nosso estatuto”, declarou Marcos Sant’aguida, presidente do sindicato.

O dirigente sindical disse que, antes da votação, foi realizado um debate político da proposta que não apresentava conteúdo financeiro, além de retirar a reposição de agosto de 2025 a dezembro de 2025.

“A empresa propõe um reajuste de 5,13% para ser pago em abril de 2026. Ou seja, nesses primeiros 6 meses não recebemos nada e vamos ficar mais 5 sem receber. Retirou o Vale Extra da categoria. E está dizendo que, em 2026, vamos ter, a partir de agosto, 100% do INPC [Índice Nacional de Preços ao Consumidor], mas isso é direito nosso, companheiros. A jurisprudência do TST garante isso. Então, não estamos recebendo nada. A atual direção dos Correios não está propondo nada economicamente para a categoria. Diante disso não temos como aceitar essa proposta da empresa”, disse Sant’aguida.

Em 16 de dezembro, sindicatos de algumas das maiores bases de funcionários dos Correios aprovaram greve geral por tempo indeterminado. As assembleias locais deram aval para a paralisação em Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará, Santa Catarina, Mato Grosso e Paraíba. Em São Paulo, os trabalhadores concordaram com a greve contra a orientação da direção do sindicato paulista.

Trabalhadores cobram reajustes e o benefício de fim de ano conhecido como “vale-peru”, além de reclamarem da falta de proposta de recomposição com base na inflação. Os sindicatos dizem que os funcionários não são responsáveis pela situação financeira da empresa e que não devem ser sacrificados por isso. No acumulado até setembro, os Correios registraram prejuízo de R$ 6,1 bilhões.

A estatal está em crise de liquidez e tem dívidas acumuladas, ao mesmo tempo em que gasta R$ 15,1 bilhões por ano com a folha, valor que inclui gratificações previstas no ACT, como adicional de 70% nas férias e pagamento de 200% em dias de descanso semanal ou feriados. A empresa também planeja um PDV (Programa de Demissão Voluntária) com meta de desligar 10.000 funcionários em 2026 e 5.000 em 2027.

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