Entre jovens das classes mais baixas, o medo de perder o emprego para a IA é maior — Foto: Getty Images
Jovens brasileiros têm informações e incorporaram a inteligência artificial (IA) em seu dia a dia com a popularização de robôs digitais (chatbots ) e plataformas como ChatGPT, Gemini e Perplexity, mostra uma pesquisa realizada com 2 mil jovens entre 14 e 29 anos realizada pela Nexus em parceria com Demà, empresa tecnologia educacional que oferece soluções para aprimorar o aprendizado, principalmente, de jovens.
Entre jovens das classes mais baixas, o medo de perder o emprego para a IA é maior e se agrava com o menor acesso à tecnologia e à capacitação para o uso de ferramentas digitais. Ainda assim é grande a proporção de jovens em famílias de vulnerabilidade social que têm informação sobre o que é a IA e os desafios que ela impõe no mercado de trabalho.
Cerca de 90% dos entrevistados já ouviram falar de IA, inclusive os que estão situação de vulnerabilidade (84%).
Segundo o levantamento, cerca de 90% dos entrevistados conhecem a IA, margem não muito distante da realidade de pessoas de classe mais baixa. Em famílias vulneráveis, esse índice é de 84%. A grande maioria concorda que é preciso conhecer regras de de IA e sua importância:
Para os angustiados, no entanto, o avanço e popularização da IA generativa assusta. Dos 2 mil jovens ouvidos, 47% dizem se sentir mais preocupados do que empolgados com o avanço da automação digital sobre atividades humanas no momento em que se preparam para entrar ou dão os primeiros passos no mercado de trabalho.
Ainda que temam perder um emprego para uma máquinas, os jovens estão cada vez mais familiarizados com a nova tecnologia. Sete em cada dez jovens afirmam ter contato quase diário com ferramentas ou conteúdos baseados em inteligência artificial.
Para a maioria, a IA já funciona como uma espécie de “Google da nova geração”, sendo usada principalmente para pesquisas, estudos, produção de textos e apoio no trabalho.
Num país marcado pela desigualdade, a pesquisa identificou na amostra jovens oriundos de famílias em vulnerabilidade social e que recebem benefícios sociais como o Bolsa Família por meio de sua inscrição no Cadastro Único (CadÚnico). Os jovens desses lares demonstram ter menor contato diário com a tecnologia, mas são o grupo que demonstra maior interesse em fazer cursos de IA.
“Os números expõem claramente que não apenas o acesso à tecnologia, mas o próprio conhecimento, embora não seja mais tão restrito como já foi num passado mais elitista, ainda não é o ideal quando comparamos indicadores sociais e econômicos”, frisa analisa Juan Carlos Moreno, Diretor da Demà .
Sete de cada dez entrevistados avaliam que a IA tende a ajudar mais do que prejudicar o processo de aprendizagem. Os jovens citam principalmente o apoio em pesquisas e estudos.
Por outro lado, entre os que veem riscos, aparecem preocupações como dependência excessiva da tecnologia, perda do pensamento crítico e a sensação de que a IA pode “eliminar a necessidade de estudar”.

